Endometriose

O melhor tratamento é o diagnóstico precoce, e a prevenção.


Cirurgião e robô – Endometriose profunda

ENDOMETRIOSE PROFUNDA

Cirurgião e robô – Endometriose profunda

Fazendo mais pela paciente, a última palavra é a tecnologia robótica.

Assunto cada vez mais atual, a Endometriose está entre as moléstias de maior prevalência nos consultórios dos ginecologistas. Acomete mulheres submetidas ao estresse diário, com ritmo de vida cada vez mais intenso. Ocorre quando a película que reveste internamente o útero descama-se juntamente com o fluxo menstrual migra e se aloja em outros locais que não a própria cavidade uterina, como bexiga, ovários e intestinos.

Neste vídeo falo sobre Endometriose - uma pequena ajuda para seu melhor entendimento.

A moléstia que acomete, de acordo com o último senso do IBGE, até 20% dos 60 milhões das mulheres em idade reprodutiva – 15 a 45 anos – manifesta-se clinicamente de forma prática pelos cinco D’s:

É uma moléstia essencialmente inflamatória, intimamente correlacionada com os ciclos menstruais frequentes com comemorativos clínicos só mencionados em cerca de 70% dos casos, podendo coexistir assintomaticamente em 30%.

Para tratá-la, é necessário entender que existem três tipos distintos:
  1. Superficial – em que o tecido ectópico (fora do local de origem), isto é, o endométrio infiltra os tecidos circunvizinhos, agora encarados como inimigos, não ultrapassando 5mm de profundidade. 
  2. Profunda e infiltrativa – quando ultrapassa cinco mm e os mecanismos imunológicos falham e componentes genéticos encontram ambiente propício para sua evolução. 
  3. Ovariana – formando os chamados endometriomas, cistos com conteúdo espesso e com aspecto achocolatado, realizando efeito de massa, comprimindo segmentos de Reserva Ovariana.  

Quanto ao tratamento, agora já reconhecido seus sintomas e como classifica-la, ficou mais fácil tratá-la. A valiosa informação que a paciente relata deve ser pacientemente ouvida pelo médico, que direciona suas indagações, pois só enxerga o que vê quem sabe o que procura, exercendo o “saber da experiência feita” de que falava Camões: “Não se aprende, Senhor, na fantasia, imaginando ou estudando, senão vendo, tratando e pelejando”. Enfim, pronto a ouvir uma fascinante descrição deste ver, tratar e pelejar. Para melhor identificar a moléstia, exames subsidiários de imagem como a ressonância magnética e ultrassonografia pélvica e transvaginal com preparo intestinal direcionam a confirmação diagnóstica, extensão e profundidade das lesões. No caso da endometriose superficial nem sempre os exames conseguem identificar as lesões e quando a clínica é soberana, para seu manejo, o tratamento é clínico.

A endometriose superficial pode ser tratada clinicamente (suspendendo os ciclos menstruais) e a profunda, evolução de anos ou décadas, o tratamento é cirúrgico. 

O binômio dor e fertilidade são o norte no diagnóstico e o tratamento cirúrgico realizado por cirurgia minimamente invasiva laparoscópicas, podendo ter suas aplicações expandidas com a cirurgia robótica. 

Remover tecidos afetados pela endometriose é um trabalho extremamente delicado, pois a evolução da doença é semelhante a um tumor, embora sem malignidade. É uma lesão progressiva e invasiva cuja extensão varia de caso a caso. Ligando-se a outros órgãos e tecidos do abdome e pelve, os implantes devem ser retirados seguindo duas vertentes: curar e reparar. Com a mínima agressão possível, adequada reparação e reconstrução pélvica, há preservação da reserva ovariana sempre que possível. 

Com equipamento robótico, o médico realiza a cirurgia a partir de um console. Orientado por imagens 3D, o cirurgião enxerga, no caso da endometriose intestinal profunda com mais precisão, comandando os braços do robô, onde estão as pinças e outros instrumentos cirúrgicos. Alto grau de mobilidade e precisão, atuando em uma região repleta de terminações nervosas que precisam ser preservadas (nerve sparing), pois estes nervos são responsáveis pelo controle da evacuação e micção.

São pacientes que agora podem contar com os benefícios da tecnologia robótica. Ela filtra eventuais tremores das mãos e proporcionam ao médico mais segurança para atuar em casos de maior complexidade. Inaugurando uma nova era no tratamento da endometriose, para os pacientes significa ganhos importantes com menos sangramentos, riscos, menos dor no pós- operatório, menor tempo de permanência hospitalar e retorno rápido as atividades, preservando estética já que são eliminadas as grandes incisões das cirurgias convencionais. 

Portanto, nos casos graves em que há comprometimento de outros órgãos, como ureter, intestinos e bexiga, este novo recurso permite visão detalhada das estruturas anatômicas envolvidas com movimentos mais precisos. Atua favorecendo a retirada das lesões, preserva a fertilidade e reconstrói a anatomia agredida pela patologia. Estes diferenciais vêm consolidando a cirurgia robótica como uma aliada em favor da qualidade de vida e da saúde da paciente. Enfim, se não podemos vencê-la, é melhor unirmo-nos a ela.  

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